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domingo, 30 de setembro de 2012

Nintendo comemora 123 anos nesta semana

Gigante dos games começou como fabricante de baralhos



A Nintendo fez parte da infância de boa parte dos jogadores nascidos a partir do final dos anos 80. Personagens como Mario, Link (Legend of Zelda) e tantos outros povoaram as TVs (de tubo) de garotos e garotas por vários anos – e continuam a chamar a atenção dos jovens.

Centenária, a empresa comemorou, na segunda-feira (24), seu aniversário de 123 anos. Não dá para dizer que a empresa não tem vocação para o entretenimento: o negócio começou como uma fábrica de baralhos e foi até uma rede de motéis antes de acertarem em cheio no mercado de games.

Confira essa e outras curiosidades sobre os 123 anos da Nintendo no vídeo produzido pela equipe do R7:


Fonte: R7.

sábado, 29 de setembro de 2012

Embalagens sustentáveis vão além da capacidade de reciclar

Apesar de pouco importantes para muita gente, as embalagens são grandes vilãs da natureza. A produção, utilização e descarte delas implicam em impactos ambientais, visto que a embalagem, ao final de seu processo de consumo, inevitavelmente acaba como lixo urbano. A questão é: existem maneiras possíveis de torná-la sustentavelmente bem sucedida, seja pelo uso de materiais, seja pelo processo de fabricação ou pelo seu consumo consciente?

Segundo a designer Babi Tubelo, os materiais, a logística e a reciclabilidade estão entre as principais ferramentas a caminho de um design de embalagem visando a ecologia ambiental, imprescindível no mundo moderno. Quanto mais diversidade de material em uma mesma embalagem, mais será seu impacto para o meio ambiente. Já o uso de apenas um material facilita sua reciclagem.

A embalagem sustentável deve atender pelo menos a três dimensões:

- Garantir a proteção ao produto; - Escolher aquela que implica menos impactos ambientais, medidos segundo a Análise do Ciclo de Vida (ACV) do produto; - Saber como os materiais de embalagens são destinados no fim de vida útil, seja por compostagem, aterro sanitário, reciclagem química, reciclagem mecânica ou reciclagem energética.

Segundo especialistas, o ato de projetar produtos em prol da sustentabilidade é tecnicamente possível. Para que isso ocorra são necessárias mudanças de comportamento e alterações nos padrões da sociedade, a fim de que alternativas inovadoras de design sejam, de fato, bem aceitas.

Economia em material e logística
Economizar no material e facilitar a logística são aspectos essenciais para uma embalagem ser considerada sustentável. E muitas vezes não se dá muita importância a esses dois pontos. Mas, não é assim que pensa a designer húngara e estudante de graduação Otília Andrea Erdelyi. Ela redesenhou a embalagem de ovos, tornando-a ainda mais minimalista, materialmente eficiente e visualmente atraente.

Além de economizar matéria-prima, a caixa de ovos, chamada de Erdelyi, foi projetada para ser empilhada facilmente. Os ovos são colocados em forma de elipse e para o consumidor retirar os ovos da embalagem basta inclinar uma das laterais.

Embalagens recicláveis
Outro ponto mais conhecido e também essencial, para se alcançar uma embalagem sustentável, está no seu poder de reciclabilidade, ou seja, a capacidade que ela tem de ser aproveitada depois de utilizada.

Atualmente, com a grande preocupação ambiental, muitas indústrias estão inovando os seus produtos, fabricando embalagens que podem ser recicladas após serem utilizadas.

Um exemplo está na lâmpada de última geração Lemnis Lighting, já mostrada no site do EcoD, que desenvolveu uma embalagem capaz de se transformar em uma luminária para acomodá-la.

Fonte: Envolverde.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Popularizados por e-mails, emoticons fazem 30 anos

Popularizados nos anos 1990, junto com a proliferação do acesso à internet, os emoticons completam 30 anos neste 19 de setembro.

O uso de marcas de pontuação para representar emoções foi sugerido pela primeira vez em 1982 em uma mensagem do professor de ciências da computação Scott Fahlman, da Universidade Carnegie Mellon, em Pittsburgh, nos Estados Unidos.

'Eu proponho a seguinte sequência de caracteres para marcar piadas: :-)', escreveu Fahlman em um fórum de discussão acadêmica. 'Veja-os de lado', explicou.

A intenção dele era diferenciar as mensagens irônicas no fórum das realmente dedicadas a assuntos sérios de discussão acadêmica.

Na mesma mensagem, ele já propunha a primeira variação do emoticon original: 'Na verdade, seria provavelmente mais econômico marcar o que NÃO é piada, considerando as tendências atuais. Para isso, use :-(', escreveu.

O uso dos sinais logo foi adotado também em outras universidades e acabou saindo do gueto acadêmico e se multiplicando, principalmente nos anos 1990, com a proliferação do acesso à internet e a popularização dos e-mails.

Em uma recente entrevista ao jornal britânico The Independent, Fahlman, que ainda leciona na mesma universidade, afirmou que não esperava o sucesso de sua invenção.

'Foi um pouco de bobagem que eu introduzi em uma discussão sobre física', disse. 'Tomou dez minutos da minha vida. Esperava que meu comentário divertisse alguns dos meus amigos e que morresse ali', comentou.

O professor é um crítico da versão moderna dos emoticons, na forma das carinhas amarelas usadas principalmente em serviços de mensagens automáticas.

'Acho que elas são feias e arruínam o desafio de tentar criar uma maneira interessante de expressar emoções usando caracteres padrão do teclado. Mas talvez seja só porque eu que inventei o outro tipo', disse ele na entrevista.

Fonte: R7.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Três tecnologias fantásticas de raio X que já são realidade

A tecnologia atual trouxe importantes avanços no uso do raio X para as áreas da saúde, artes e astronomia.

O raio X é algo bastante comum em nossa sociedade. Normalmente, ele é usado por médicos e dentistas — para esses profissionais verem detalhes interiores do corpo humano — ou empregados na inspeção de produtos nas indústrias, no estudo de estruturas da matéria na ciência e para a checagem de bagagens nos aeroportos.

Sem dúvida, este tipo de tecnologia — que existe desde 1895 — se tornou importante em diversas áreas. Só no setor da saúde, a descoberta do raio X pelo físico alemão Wilheelm Conrad Rontgen revolucionou o “acesso” a ossos quebrados e a detecção de doenças sérias (como câncer) sem que fosse necessário abrir o corpo de alguém.

Hoje, mais de cem anos depois que Conrad Rontgen realizou a primeira radiografia, os avanços da tecnologia também resultaram no uso do raio X como base de invenções incríveis (e bastante úteis). Confira:

1 – Microscópio de raio X
A NASA está envolvida em uma invenção única até o momento: o “X-Ray Microscope”. Tal dispositivo tem a capacidade de utilizar o raio X em nível microscópico, resultando em imagens de estruturas de carbono com alta resolução e contraste — o que dá aos pesquisadores uma ampla compreensão quanto à constituição de amostras biológicas e suas características microscópicas.


Essa invenção também beneficiará as áreas que envolvem pesquisas com DNA e RNA, além de estudos de doenças graves, como AIDS e câncer.

2 – Encontrando novas obras e combatendo a pirataria
Os avanços tecnológicos no uso do raio X trouxeram benefícios até mesmo ao mundo das artes. Hoje, pesquisadores conseguem identificar quadros falsos de uma forma mais eficaz. Além disso, novas obras de consagrados pintores também estão sendo descobertas apenas pela capacidade que o raio X dá de “olhar” através das pinturas.

Grandes nomes como Van Gogh, Rembrandt e Picasso tinham o costume de reutilizar telas, sobrepondo imagens. Com o raio X adaptado para isso, é possível descobrir as obras escondidas desses pintores.

3 – Desvendando os mistérios do espaço
Qual o resultado da junção de um satélite com a tecnologia de um raio X? A possibilidade de explorar o espaço, capturando imagens e dados como geometria, atividade e temperatura de diversos astros.


Com essas informações, os cientistas podem compreender melhor o funcionamento de outros objetos espaciais e realizar diversas descobertas importantes ao mundo da astronomia — como aprofundar as pesquisas relativas à vida e à morte de estrelas, por exemplo.

Curiosidades: tecnologias baseadas no conceito de raio X
Em muitos filmes e quadrinhos, a “visão de raio X” aparece como um recurso bastante útil a heróis e vilões para enxergarem através de paredes e objetos. Apesar de ainda não existir um raio X que realmente realize isso, hoje já existem algumas tecnologias que se baseiam neste contexto e que trazem funções bastante úteis para a área militar.

Capacete high-tech
Na área militar, o raio X está sendo empregado para coisas bastante interessantes. Entre elas está o capacete desenvolvido pela empresa inglesa BAE Systems, que dá ao piloto a incrível capacidade de ver através de sua aeronave.


Para isso, o capacete possui um display integrado e interage com câmeras que são acopladas por todo o avião, utilizando sensores para identificar o exato local para o qual o piloto está olhando. Assim, com as câmeras colocadas no lado externo, o dispositivo também envia as imagens para o display do capacete e dá ao piloto a capacidade de “ver” através da carcaça da aeronave.


O capacete, denominado de Striker, ainda permite ao piloto colocar um “símbolo” nos pontos de interesse que ele vê no chão quando está voando. Depois disso, com o apertar de um botão, o sistema também irá calcular as coordenadas daquele objeto.

Vendo através da parede
Seguindo o melhor estilo “Super-Homem”, um novo projeto do MIT pretende dar a soldados a capacidade de “enxergar” através das paredes. Para isso, um dispositivo permitiria que um radar penetrasse em paredes de até 20 centímetros.

Apesar do grande avanço nesse sentido, o projeto ainda não fornece uma imagem clara de raio X como vemos nos quadrinhos do Super-Homem. Até agora, o resultado obtido pelo dispositivo está mais próximo de um mapa de calor.
 

Segundo os cientistas envolvidos, o sistema apresenta em uma tela “bolhas” que representariam os humanos se movimentando atrás da parede. O projeto, no entanto, já está sendo mais aperfeiçoado e o próximo passo seria transformar as “bolhas” em símbolos mais claros — dando ao usuário final uma melhor compreensão do que estaria sendo “visto” através da parede.

Fonte: Tecmundo.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Produção de tecnologia no Brasil cresce menos que mercado

Em seis anos, as importações avançaram 177%, enquanto a produção doméstica subiu somente 40%. 

O Brasil é o sétimo país mais atrativo para investimentos em tecnologia, segundo levantamento global feito recentemente pela consultoria Grant Thornton UK. Mas isso não tem sido suficiente para estimular a produção no País, que não acompanha o cenário de demanda em franca expansão. Nos últimos seis anos, as importações de tecnologia cresceram 177%, reflexo da alta de 76% na demanda da indústria nacional. Já a produção doméstica cresceu apenas 40%.

O relatório da consultoria britânica diz que a atratividade brasileira para investimentos nessa área se deve a fatores como estabilidade econômica, forte base de investidores locais e o tamanho da classe C, vista como consumidora potencial. "A vantagem do Brasil é o mercado doméstico. Isso é o que tem impulsionado o País a ser mais atrativo internacionalmente", afirma o economista Paulo Gala, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). "No entanto, historicamente, as indústrias mais sofisticadas do setor não se instalaram aqui." Os Estados Unidos, Reino Unido, China, Alemanha, França e Índia aparecem à frente do Brasil no ranking da Grant Thornton UK.

O ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e sócio da consultoria MB Associados, José Roberto Mendonça de Barros, explica que nenhum país precisa ser responsável por 100% de sua tecnologia. "Deveríamos produzir mais, mas sempre vamos ter de importar. Estamos muito aquém em termos de pesquisa", avalia. De acordo com ele, cada país deve investir no desenvolvimento de tecnologias que atendam às suas particularidades - e exportar o que estiver além disso.

Em 2011, enquanto exportou cerca de US$ 52,3 bilhões em produtos industriais de alta e média-alta tecnologia, o País importou mais que o dobro desse valor (US$ 134 bilhões), segundo dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), a importação de equipamentos de transporte, eletroeletrônicos e máquinas - considerados de média-alta tecnologia - aumentou quase três vezes no mesmo período. Foram US$ 30 bilhões, 19% a mais do que no ano anterior.

Investimentos
Apesar de ainda baixos, os investimentos do governo federal em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e ciência e tecnologia (C&T) cresceram nos últimos anos. De 2000 a 2009, os valores liberados para P&D passaram de 0,34% para 0,42% do Produto Interno Bruto. Já os destinados a gastos com C&T subiram de 0,49% para 0,57%. Nesses nove anos, o tamanho da economia brasileira quase triplicou. Em valores absolutos, a alta nos investimentos foi de R$ 4 bilhões para R$ 15 bilhões em P&D e de R$ 5 bilhões para R$ 22 bilhões em C&T.

Para 2012, a projeção da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) é de que o governo federal gaste R$ 18,6 bilhões em tecnologia, aumento de 8,7% em relação a 2011. "Embora seja positivo, a meta do Brasil Maior (programa do governo federal para elevar a competitividade da indústria) é de que o investimento aumente ainda mais. Ainda é pouco, e a maior parte vem do setor privado", afirma o diretor titular do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp, José Ricardo Roriz Coelho.

Os investimentos da indústria em máquinas, equipamentos e instalações, entretanto, devem encolher 11% em 2012, prevê a Fiesp. Enquanto em 2011 foram gastos R$ 118 bilhões, espera-se que, neste ano, caia para R$ 105 bilhões. O economista Luciano Martins Póvoa, da Universidade de Brasília, alerta que grande parte do crescimento de um país provém do investimento em tecnologia. "O país que se descola disso está indo contra a teoria econômica. Pode-se conseguir um crescimento de curto prazo, mas, para ser sustentável, precisa-se de tecnologia", afirma.

Um setor em que o País vem conseguindo exportar tecnologia é o de aeronáutica e aeroespacial. No último ano, enquanto a alta tecnologia foi responsável por apenas 6,2% do total de produtos industriais exportados pelo País, o setor de aeronáutica e aeroespacial respondeu por metade dessas exportações (3%).

Fonte: Jornal da Ciência.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

UFRJ desenvolve concreto ecológico com fibras vegetais e materiais reciclados

A Coordenação de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ) desenvolveu alternativas ecológicas para matérias-primas do concreto e de produtos de fibrocimento (como caixas d’água e telhas). Segundo o pesquisador Romildo Toledo, o uso de materiais tradicionais, como o cimento, a brita e o amianto, pode ser reduzido ou até completamente substituído com a utilização de fibras vegetais e materiais reciclados.

No caso do concreto, liga formada por cimento, brita (pedra) e areia, é possível reduzir o consumo de cimento em 20% a 40% com alternativas como cinza de bagaço de cana-de-açúcar, cinza de casca de arroz e resíduos da indústria cerâmica. A brita pode ser completamente substituída por materiais obtidos em demolições de construções antigas.

No caso do fibrocimento, usado na fabricação de telhas ou caixas d’água, o consumo de cimento pode ser reduzido em até 50% com o uso de alternativas ecológicas. As fibras vegetais substituem as fibras minerais tradicionais, como o amianto, que provocam danos à saúde humana. Há estudos com outros materiais como borracha de pneu usado, cinzas de esgoto sanitário ou de queima do lixo para substituir, pelo menos parcialmente, o cimento.

“Alguns tipos de concreto ecológico já estão prontos para serem repassados ao setor produtivo, mas há outros que ainda estão em fase final de desenvolvimento. São soluções que reduzem impacto na construção civil, seja por redução da emissão de gás carbônico, pelo uso de materiais naturais etc. E todas levam a resultados tão bons quanto os materiais tradicionais. Essa é uma preocupação: não ter performance inferior aos que os materiais tradicionais têm. O consumidor não vai sentir problemas de durabilidade, como a casa ou o prédio terem vida útil menor”, disse Toledo.

Segundo a Coppe, a indústria cimenteira responde por 5% a 7% das emissões mundiais de gases do efeito estufa. A produção atual de cimento corresponde a cerca de 3 bilhões de toneladas por ano, que deve triplicar em 50 anos.

Segundo o pesquisador, as alternativas ecológicas ao concreto têm chamado a atenção de algumas empresas. Na última sexta-feira (14), por exemplo, Toledo apresentou sua pesquisa a representantes de empresas de materiais de construção norte-americanas na Câmara de Comércio Americana (Amcham) do Rio de Janeiro.

Fonte: Agência Envolverde.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Máquina produz “lenha ecológica”

Equipamento desenvolvido no IFGW produz briquete de alta densidade
Está em fase de ensaios e prestes a entrar no mercado uma máquina que produz um briquete de alta densidade possível de ser carbonizado e utilizado como carvão. O briquete, conhecido como “lenha ecológica”, é um bloco cilíndrico resultante da compactação de resíduos como serragem, casca de arroz, palha de milho, bagaço de cana, capim e tantos outros gerados em atividades agrícolas. Este combustível de biomassa já vem substituindo a lenha, por exemplo, em pizzarias e padarias, mas a produção de carvão a partir dele, em escala comercial, depende de ajustes nesta máquina desenvolvida com tecnologia nacional.

Batizada de Biotor, a briquetadeira é fruto de projeto financiado pela Fapesp e executado em parceria entre o Grupo Combustíveis Alternativos (GCA) do Instituto de Física da Unicamp, a Bioware Tecnologia (empresa graduada na Incamp/Unicamp) e a Embrapa Agroenergia. “A máquina foi deslocada por alguns meses para uma empresa interessada em realizar os ensaios. O intuito é aperfeiçoar a tecnologia até o ponto de levá-la ao mercado”, explicava o professor Carlos Alberto Luengo, coordenador do GCA, enquanto mostrava uma foto de Lula, ainda presidente, despejando resíduos na briquetadeira. “A presença de Lula se deve a uma palavra mágica: cana-de-açúcar (o bagaço e a cana), o que traz um potencial muito grande para o equipamento.”

A ideia de transformar briquete em carvão veio de Felix Fonseca Felfli, em pesquisa de doutorado desenvolvida em 2003 sob a orientação de Luengo, quando procurou identificar as principais barreiras técnicas e mercadológicas para produzir e comercializar a biomassa torrefeita. “Como temos um forno no laboratório, pensei: ao invés de torrificar lenha, vamos torrificar briquetes para substituir o carvão vegetal. Se o briquete já substitui a lenha, ainda não havia um substituto ecológico do carvão. Vemos no mercado produtos que se dizem ecológicos, mas que na verdade são resíduos de carvão prensados, ou seja, vendem a mesma coisa: trabalho infantil e escravo, poluição, árvores nativas cortadas.”

Briquetes foram doados para a pesquisa de Felix Felfli, que se decepcionou com o que saiu inicialmente do forno. “Virou pipoca. O bloco se quebrou em camadas e, muito frágil, se transformaria em pó com o manuseio e transporte. Começamos a investigar e descobrimos que o problema está no processo de compactação pelas briquetadeiras existentes no Brasil, que funcionam por meio de pistão mecânico. O briquete pode ser grande, mas é frágil estruturalmente: com o calor, surgem ranhuras que correspondem a cada percurso do pistão, e que depois se abrem.”

O doutorando voltou a se animar com a ideia quando José Dilcio Rocha, pesquisador da Embrapa Agroenergia , trouxe de suas viagens briquetes produzidos com uma máquina importada. “Eram verdadeiros tijolos. Nos testes, o material ficou carbonizado, não quebrou e vi que é possível produzir o carvão ecológico a partir do briquete. Mas para isso era preciso uma máquina capaz de garantir um briquete de alta densidade e resistência mecânica, o que depende da compressão e da continuidade de processo.”

Prensagem por extrusão Terminado o doutorado, Felix Felfli passou a trabalhar na Bioware e aproveitou esta condição para enviar à Fapesp um projeto PIPE – Programa de Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas – propondo o desenvolvimento de uma máquina do tipo extrusora, que não é feita no país. “O Japão possuía estas máquinas, que depois chegaram à Europa e produzem o briquete em processo contínuo. Como ficaria muito custoso comprá-las, decidimos criar uma versão nacional, que já se tornou um produto, embora a pesquisa continue em andamento.”

O pesquisador explica que existem várias tecnologias de compactação no mundo, sendo que a mais difundida é a de pistão mecânico: como no motor de automóvel, há uma manivela com a qual se prensa os resíduos por impacto. “Esta tecnologia se difundiu no Brasil a partir dos anos 1930 e algumas empresas passaram a comercializar a máquina, mas em escala bem modesta. Houve certo boom na crise do petróleo nos anos 70, mas na década de 90, com o óleo barato, ninguém mais se interessou. Agora temos toda essa preocupação ecológica, principalmente em relação às árvores.”

Os ensaios com a briquetadeira, ora realizados em uma empresa de beneficiamento de arroz, se devem à constatação do desgaste das peças, segundo o esclarecimento de Felfli. “É uma tecnologia nova, em que a compactação se dá por meio de uma rosca girando em alta velocidade, que vai moendo e prensando a matéria-prima, não se percebe nenhuma fibra: é este movimento que causa o desgaste. Isso me trouxe de volta ao GCA depois do doutorado, a fim de aperfeiçoar a tecnologia com peças e outros materiais. A casca de arroz é o resíduo vegetal mais abrasivo que existe; se conseguirmos um tempo de vida útil aceitável da máquina, isso valerá para qualquer matéria-prima.”

As inúmeras aplicações do briquete O interesse da empresa beneficiadora de arroz em testar a briquetadeira desenvolvida por Felix Felfli está no ganho adicional que a casca do produto, hoje vendida para servir de cama na criação de frangos, pode trazer enquanto matéria-prima de briquete a ser transformado em carvão. “Por causa das fezes das aves, a casca de arroz se torna ainda mais poluidora, sendo depois descartada em algum lugar. Antes, a cama era usada como adubo, o que foi proibido por lei justamente pelo risco de transmissão de doenças. Uma solução seria o briquete, pois a casca de arroz, depois de queimada em caldeiras, deixa muita cinza rica em sílica, que poderia ter outros usos”, observa o pesquisador.

Felfli afirma que a máquina extrusora nacional, em comparação com as de pistão, é bem menor e silenciosa e de manutenção mais barata. “Resolvido o problema do desgaste, o mercado é amplo. Temos, por exemplo, cerca de dois mil fabricantes de móveis apenas no Estado de São Paulo, que produzem 500 quilos de serragem por hora. Também seria interessante exportar briquetes para a Europa, onde se queima muito carvão mineral – eles querem comprar nossos resíduos, que somam 300 milhões de toneladas anuais. Uma grande vantagem é a densidade: se a do bagaço de cana é de cem quilos por metro cúbico, a do briquete por chegar a uma tonelada por metro cúbico no navio.”

Em relação às vantagens do briquete, seja de alta densidade ou não, o professor Carlos Luengo mostra um vídeo produzido pela Embrapa Agroenergia enaltecendo a diminuição da derrubada de árvores nativas e o aproveitamento dos resíduos agrícolas; a ausência de produtos químicos (cola, verniz, tinta), tornando-os apropriados para a indústria alimentícia, pizzarias, churrascarias e padarias, caldeiras em lavanderias e abatedouros, e aquecimento de água em hotéis, motéis e piscinas; a higiene e o menor espaço para armazenagem; o alto poder calorífero, regularidade térmica e geração de menos cinza e fumaça, poluindo menos que a lenha; e, no final, a redução do custo na geração de energia.

Luengo, entretanto, enxerga outro grande benefício da pesquisa e produção de briquetes. “A parceria com instituições fora da Unicamp é uma prática muito antiga em nosso laboratório e acredito nestas pesquisas porque os alunos, que um dia terão de conseguir emprego, já se integram naturalmente à parte produtiva. Trata-se de uma inovação tecnológica que beneficia a todos que participam dela, gerando novos empregos e benefício ao meio ambiente. Os briquetes estão cada vez mais populares e daqui a pouco estarão no supermercado.”

Atualmente, a empresa de base tecnológica EcoDevices é a responsável pela continuação do desenvolvimento e introdução dessa tecnologia no mercado.

Fonte: Jornal da Unicamp.

domingo, 23 de setembro de 2012

Tecnologia 3D ajuda a superar timidez de brasileiros

Pesquisadores da Universidade de São Paulo estão testando um novo tratamento para o que especialistas chamam de “fobia social”, aplicando tecnologia 3-D como ferramenta para o tratamento.

Cerca de 8 milhões de brasileiros (4% da população) sofrem diferentes graus de fobia social .

Assista ao vídeo da Zoom In:
 

Fonte: Carta Capital.

sábado, 22 de setembro de 2012

Brasil pode ser protagonista em biocombustíveis para aviação

O Brasil pode assumir a liderança em biocombustíveis para aviação, a exemplo do protagonismo que conquistou no setor automobilístico, em que se tornou um dos primeiros países do mundo a ter sua frota de veículos automotivos abastecida e movida a biocombustível.

Entretanto, o país terá que superar diversos obstáculos de ordem científica, tecnológica, de produção agrícola e de políticas públicas, entre outras, por meio da articulação de empresas do setor aeronáutico e de biotecnologia com instituições de pesquisa, governo, integrantes da cadeia de produção de biocombustíveis e representantes da sociedade civil.

A avaliação foi feita por participantes da Conferência sobre Biocombustíveis para Aviação no Brasil, aberta no dia 11 de setembro na sede da Embrapa, em Brasília (DF), com o objetivo de discutir sobre a viabilidade técnica e financeira e o atual estágio das pesquisas realizadas no Brasil sobre biocombustíveis que possam substituir o querosene em aviões comerciais.

A programação do evento é composta pelo Simpósio Nacional de Biocombustíveis de Aviação e pelo 5º Workshop do Projeto Biocombustíveis Sustentáveis para a Aviação no Brasil, promovido pela FAPESP, Embraer e Boeing.

O evento integra uma série de oito workshops previstos no acordo firmado entre a FAPESP, a Embraer e a Boeing em outubro de 2011, com o objetivo de estabelecer um centro de pesquisa e desenvolvimento de biocombustíveis para aviação comercial no Brasil envolvendo as três instituições e baseado no modelo dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) da FAPESP, voltados para realizar pesquisas na fronteira do conhecimento.

O setor de aviação, que contribui com 2% das emissões totais de gases de efeito estufa no planeta, está enfrentando o desafio de reduzir pela metade a emissão de CO2 em 2050, em comparação com 2005, e se tornar neutro carbono até 2020, conforme estabeleceu a Associação de Transporte Aéreo Internacional (Iata, na sigla em inglês).

De modo a reduzir o consumo e, por conseguinte, as emissões de gases de efeito estufa, os fabricantes de aviões vêm tentando aumentar nos últimos anos a eficiência operacional de suas aeronaves por meio do desenvolvimento de motores mais modernos e eficientes e de otimizações aerodinâmicas, utilizando, por exemplo, estruturas e ligas metálicas mais leves no projeto dos jatos.

Entretanto, com a forte expansão do transporte aéreo e o aumento da frota de aviões em circulação no mundo, essas medidas têm sido insuficientes.

“Todo o esforço que temos feito na otimização do consumo de combustível e na utilização das aeronaves não será suficiente. O único caminho que devemos seguir é em direção aos biocombustíveis”, disse Emílio Matsuo, vice-presidente e engenheiro-chefe da Embraer.

Contudo, segundo Matsuo e outros representantes do setor de aviação presentes no evento, o grande desafio científico e tecnológico é desenvolver um biocombustível a partir de qualquer biomassa que seja produzida em escala comercial e tenha um custo competitivo e que possa ser misturado ao querosene de aviação convencional na proporção de até 50%, sem a necessidade de realizar modificações nos motores e nas turbinas da atual frota de aeronaves que circula pelo mundo.

Entretanto, de acordo com especialistas no setor, apesar de já existirem biocombustíveis produzidos no exterior a partir de diferentes biomassas – que inclusive já obtiveram certificação para serem utilizados na aviação e vêm sendo usados em voos de teste e até mesmo comerciais –, eles ainda não são produzidos em grande escala e chegam a ser até 100% mais caros do que o querosene de aviação.

A companhia aérea alemã Lufthansa, por exemplo, adicionou 50% de bioquerosene feito com óleo de pinhão-manso ao combustível de origem fóssil utilizado em seus voos regulares entre Berlim e Frankfurt durante seis meses. Mas, depois de operar mais de mil voos com a mistura, interrompeu a iniciativa devido a falta do produto renovável no mercado.

“Até 2011, já houve em todo o mundo cerca de 300 iniciativas voltadas a utilização de biocombustíveis em aviação, como voos experimentais e de demonstração e projetos como este, entre a FAPESP, a Boeing e a Embraer. Esse movimento é mais intenso do que se observa em outros segmentos do setor energético, como o de energia eólica, por exemplo”, afirmou Luiz Horta Nogueira, professor da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), de Minas Gerais.

Mas, de acordo com Nogueira, o que mais surpreende nas iniciativas de se utilizar biocombustíveis na aviação no mundo é o fato de que as matérias-primas que estão sendo utilizadas para essa finalidade não sejam originárias do Brasil, que é referência em biocombustíveis.

“Não faz nenhum sentido países europeus terem companhias aéreas realizando mais de 1,4 mil voos comerciais utilizando biocombustível preparado na Finlândia, com matéria-prima asiática. O Brasil tem uma liderança e pode ter um papel importante na construção de um mercado de biocombustível sustentável”, avaliou Nogueira.

Diversidade de matérias-primas Segundo especialistas presentes no evento, existe no Brasil uma série de matérias-primas provenientes de oleaginosas, de fibras e resíduos, entre outras, que se mostram promissoras para a produção de bioquerosene.

A Embrapa, por exemplo, está realizando pesquisas para domesticação do pinhão-manso e começou a estudar o babaçu, cujo óleo é composto por ácidos com cadeias de carbono ideais para o desenvolvimento de um biocombustível para aviação.

Associadas às tecnologias que podem ser utilizadas para produção de biocombustíveis, de acordo com os pesquisadores da área, essas matérias-primas formam uma matriz de rotas tecnológicas que torna bastante complexa a tomada de decisão sobre qual ou quais devem ser seguidas.

“Teremos que desenvolver uma metodologia que aponte não qual a melhor das alternativas para desenvolver um biocombustível para aviação, mas sim que indique o ponto forte de cada uma delas e as lacunas que apresentam em termos de pesquisa para melhorar sua produção bioativa”, disse Luís Augusto Barbosa Cortez, coordenador-adjunto de Programas Especiais da FAPESP e um dos coordenadores do projeto.

De acordo com o pesquisador, a nova indústria que deverá surgir no Brasil voltada para a substituição de querosenes fósseis utilizados na aviação guardará semelhanças, mas não terá nenhuma relação com a indústria do etanol de cana-de-açúcar e a de biodiesel, já consolidas no país.

“Estamos construindo uma nova indústria no Brasil, que envolve tecnologias que o país domina e outras que ainda não e que apresenta enormes desafios de pesquisa que justificam o envolvimento da FAPESP, de forma determinante, neste projeto”, afirmou.

O presidente da FAPESP, Celso Lafer, ressaltou que a FAPESP tem se preocupado e se dedicado a apoiar programas de pesquisa que tornem viável o desenvolvimento de energias renováveis.

Um exemplo da preocupação da instituição com essa questão, de acordo com Lafer, foi a criação do Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN), que reúne mais de 300 cientistas brasileiros, sendo a maioria atuantes em universidades e instituições de pesquisa no Estado de São Paulo, além de 60 pesquisadores de diversos outros países, e cujo acordo com a Embraer e a Boeing é parte integrante.

“Por conta dessa preocupação da FAPESP com a questão das energias renováveis, tivemos muita satisfação de criar uma mecanismo de cooperação e entendimento com a Boeing e a Embraer, voltado para o tema de biocombustíveis, que representa um horizonte importante para o nosso país e para o futuro das energias renováveis”, disse Lafer.

Por sua vez, Al Bryant, vice-presidente da Boeing Tecnologia e Pesquisa, avaliou que a criação de um centro de pesquisa e desenvolvimento de biocombustíveis para aviação representa uma oportunidade única para o país.

“O Brasil poderá inovar não só regionalmente, mas também em escala global, assumindo uma posição de liderança em biocombustíveis para aviação e assegurando essa conquista por gerações”, avaliou. Fonte: Agência Fapesp.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Agricultura sustentável de sucesso na zona seca da Índia

Estreitos caminhos empedrados separam as fileiras de casas de barro, onde podem ser vistas algumas cabras amaradas a postes de madeira nesta aldeia que fica no profundo da região de Bundelkhand, centro da Índia, assolada pela seca.

De acentuada beleza e profundas quebradas, Bundelkhand, que ocupa os Estados de Uttar Pradesh e Madhya Pradesh, sofre muitos problemas derivados de atividades humanas mal geridas que só pioraram um contexto climático complicado por prolongadas secas e chuvas escassas.

Na década de 1960, como medida para conservar o solo, foram lançadas do ar sementes de algarobeira (Prosopis juliflora), originárias da América. Mas a espécie estrangeira acabou invadindo e matando os arbustos nativos e, como consequência, a água correu para os barrancos convertendo vastas zonas em campos desertos.

Além disso, as autoridades promoveram de forma descuidada cultivos com importantes requerimentos hídricos, como a menta, fazendo com que os agricultores ricos cavassem poços profundos para extrair água sem considerar a necessidade de recarga. O resultado foi uma desastrosa queda das reservas subterrâneas do recurso.

Os agricultores pobres sofreram o esgotamento hídrico, somado aos caducos sistemas de destruição e armazenamento, de água da chuva. Agora a seca é um fenômeno comum na região e menos de metade das terras cultiváveis podem ser utilizadas, o que coloca em risco 50 milhões de pessoas que habitam a região e que dependem da agricultura. “Há um consumo enorme de água em uma área que sofre uma crise hídrica”, disse Anil Singh, coordenador da Parmarth, uma organização dedicada a recuperar sistemas tradicionais de irrigação e cultivo em comunidades pobres dos barrancos de Bundelkhand.

Na aldeia de Tajpura e como se desconhecesse as duras condições da região, Mamtadevi, de 36 anos, serve um fumegante chappatis (pão sem levedura) untado com manteiga clarificada e uma salada verde fresca com berinjela defumada, batata cozida, tomate fresco e pimenta. “As verduras são saborosas porque foram cultivadas de forma sustentável e sem químicos”, afirmou.

Mamtadevi e seu marido, Ajan Singh, estiveram entre os primeiros que adotaram a “agricultura sustentável com poucos insumos externos” (Leisa, por sua sigla em inglês) proposta pela Parmarth, que lhes permite ter uma boa situação apesar da escassez de chuva e do aumento das temperaturas médias.

A Leisa inclui práticas de recuperação do nitrogênio e outros nutrientes das plantas, e objetiva manter as pragas sob controle mediante métodos naturais, preservar condições ideais do solo e garantir que os agricultores estejam conscientes de seu meio ambiente e do valor de cuidar dos ecossistemas.

A solidez do método se observa na frescura dos cultivos de Ajan Singh. Na conservação da biodiversidade ao usar sementes autóctones resistentes e evitar químicos para manter a saúde do solo. Singh também pode abater os caprichos do clima e da seca deste ano, derivado da falta de chuvas de monção, que não o atemorizam e nem os agricultores que adotaram a Leisa.

Bhartendu Prakash, membro do comitê diretor da Associação de Agricultores Orgânicos da Índia (Ofai) e responsável pelo escritório para a zona norte localizado em Bundelkhand, observou que os cultivos da Leisa foram os que menos sentiram as geadas que atingiram a região no último inverno boreal.

A Parmarth ajudou a comunidade a projetar os terrenos para escorrer a água da chuva e armazená-la, bem com construir poços para irrigação. Os voluntários da organização também ensinaram os produtores do programa a fabricar húmus de minhoca e a criar armadilhas de feronômios para insetos. A maioria dos camponeses já tinha seus próprios métodos para fabricar inseticidas orgânicos, em geral uma mistura de folhas de nim e alho embebidas em soro de leite de búfala.

“Mas, antes das armadilhas de feronômios o roçado era feito a cada três dias, mas agora basta uma vez por semana”, disse Mamtadevi. Em 2009, as verduras do casal eram tão famosas que vendiam produtos no mercado local, a dez quilômetros de distância, a um preço maior do que o normal, o que lhes permitia ganhar quase 80 mil rúpias (US$ 1,8 mil) por ano. Três anos depois, Ajan Singh comprou outra “bigha” (quase nove mil metros quadrados) de terra. Agora vende sua produção em dois mercados, e também leite de cinco búfalas que comprou com seus ganhos.

Atualmente, 15 agricultores de Tajpura usam os mesmos métodos de Ajan. Além disso, as mulheres se uniram para abrir uma conta de poupança e crédito para gerar alternativas de subsistência com a criação de animais. Também têm um banco de sementes, que lhes permite vender o excedente no mercado e oferecer algumas às famílias que atravessam momentos difíceis.

“Agora tentamos vincular a comunidade com programas estatais, como para comprar roçadeiras, e obter alguns benefícios do pacote de alívio para Bundelkhand, que ajuda com a questão da seca”, disse Anil Singh, integrante da Parmarth. Criado em 2009, por três anos, pelo governo federal, o pacote de US$ 1,5 bilhão ajudou a obtenção de água, a adequada utilização dos sistemas fluviais, dos canais de irrigação e dos cursos de água.

Como os fundos estão acabando, Bundelkhand precisa de mais apoio para os métodos sustentáveis de cultivo. Rajesh Krishnan, ativista do Greenpeace Índia, é otimista sobre a possibilidade de o governo continuar promovendo a agricultura sustentável bem como de que esta sobreviva graças à demanda por produtos orgânicos. Também prevê que a agricultura sustentável recebe fundos do 12º plano quinquenal da Índia, que será divulgado em novembro.

Fonte: Envolverde.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Pesquisadores do Cetem usam cinzas de carvão mineral no tratamento de efluentes

Pesquisadores do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem) estão aplicando cinzas de carvão mineral no tratamento de metais de efluentes aquosos que podem alcançar corpos hídricos, de forma a reduzir o impacto no meio ambiente.

"Uma das preocupações que a gente tem aqui é minimizar os impactos ambientais, fazendo um trabalho em duas frentes: buscar a redução da quantidade de efluentes líquidos gerados e fazer o tratamento desses efluentes que contêm metais em solução", disse o chefe do Serviço de Tecnologias Limpas do Cetem, Paulo Sérgio Moreira Soares.

Ele explicou que é feito primeiro um tratamento químico sobre os efluentes. Na segunda etapa do tratamento, um dos métodos possíveis para fazer a remoção dos metais pesados é utilizar cinzas da queima do carvão mineral. "Os metais ficam retidos nas cinzas". O objetivo é que os efluentes finais não tenham uma concentração de metais superior à permitida pela Resolução nº 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) para o lançamento de efluentes em corpos líquidos, informou o pesquisador.

Moreira Soares disse que o uso dessas cinzas no tratamento de efluentes aquosos ficou mais atraente. Há minerações de carvão geralmente próximas das instalações que utilizam o carvão e produzem cinzas como rejeito sólido da operação". As usinas termelétricas, por exemplo, queimam carvão para gerar energia elétrica.

Ele esclareceu que as cinzas de carvão têm a propriedade, quando colocadas na segunda etapa de tratamento, de remover os metais que ainda restam, depois que os efluentes passaram por uma etapa primária de tratamento. "As cinzas têm a vantagem de capturar os metais, impedindo que os efluentes aquosos alcancem o corpo hídrico com a presença desses metais", lembrou. As cinzas do carvão, se não forem usadas para reduzir o impacto ao meio ambiente, são descartadas ou aplicadas na indústria de cimento.

O trabalho do Cetem com o uso ambiental das cinzas obteve a patente Processo para Remoção de Manganês e Outros Metais Presentes em Baixas Concentrações em Efluentes Industriais, do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A patente foi expedida no dia 24 de julho deste ano.

Soares observou, entretanto, que nada impede que as cinzas de carvão mineral sejam usadas para o tratamento de efluentes líquidos em outras instalações, além de minerações. Atividades como as indústrias químicas, minerais e metalúrgicas podem também se beneficiar do processo, "desde que seja economicamente viável pelo transporte das cinzas para outro local", salientou. A aplicação do produto se dá no local onde haja efluentes gerados pela queima de carvão mineral, explicou. Uma indústria instalada próximo de onde a cinza é gerada tem maior economicidade no processo.

Os pesquisadores do Cetem estão se dedicando agora à modificação química das cinzas de carvão para que elas possam ser ainda mais eficientes na captura dos metais pesados nos efluentes. A ideia, sustentou Soares, é "otimizar esse processo". Ele pretende buscar uma patente dessa nova fase do trabalho até o fim do ano.

Fonte: Jornal da Ciência.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Estudo diz que ventos podem atender à demanda energética global

Engenheiro diz que a instalação de 1,5 bilhão de turbinas eólicas poderia suprir eletricidade para todo o planeta, mas especialistas dizem que proposta não é viável
Há vento de sobra para abastecer o planeta com energia limpa, mas seria preciso fazer um maciço investimento em infraestrutura para poder usar este potencial, algo que alguns especialistas consideram irreal.

Enquanto o mundo busca reduzir sua dependência em combustíveis fósseis como carvão e gás natural, fontes de energia renovável como a eólica (dos ventos) e solar têm sido desenvolvidas como alternativas.

Contrariando alguns estudos recentes, a análise de dados climáticos publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) indica que turbinas eólicas poderiam gerar centenas de terawatts de eletricidade, uma quantidade muito acima da demanda mundial.

Segundo o autor do estudo, Mark Jacobson, alcançar este potencial máximo exigiria a instalação em terra e offshore de 1,5 bilhão de enormes turbinas.

"Isto é muito mais do que se precisaria para atender às demandas atuais de energia globais", afirma o engenheiro da Universidade de Standford. "Mas ainda precisaríamos de muitos milhões a mais de turbinas do que as que existem atualmente", continua.

De acordo com o pesquisador, mesmo com os recentes investimentos substanciais em energia dos ventos, "a capacidade eólica total instalada é de cerca de 250 gigawatts" ou cerca de um centésimo do que se precisa para abastecer metade do mundo com eletricidade, refrigeração, etc.

Mas Jacobson prevê um futuro muito diferente. Ele estimou que seria preciso quatro milhões de turbinas geradoras de 5 megawatts - maiores do que a maioria utilizada atualmente - para gerar metade da demanda energética em 2030.

"O mundo hoje produz de 70 a 80 milhões de carros todos os dias. Nós só precisamos de quatro milhões de turbinas a cada 30 anos", argumentou Jacobson, afirmando que isto certamente seria possível.

Mas alguns especialistas se mostram céticos. "Se o principal objetivo do mundo fosse fazer isto, provavelmente seria possível. Mas é uma questão de quanto se gasta em renováveis em comparação com outras prioridades da sociedade", diz Audun Botterud, pesquisador de energia do Laboratório Nacional Argonne, do Departamento de Energia dos Estados Unidos.

Além do investimento econômico, Botterud afirma que os desafios das mudanças de vento não deveriam ser subestimadas.

"Se você tem uma quantidade relativamente modesta de energia eólica, é relativamente fácil gerir esta variabilidade e incerteza, mas em escala, torna-se muito mais desafiador", explica Botterud à AFP.

"De forma ideal, se você tem algum tipo de dispositivo de armazenamento capaz de guardar eletricidade em grande escala, poderia usar para armazenar eletricidade quando tiver um excedente" para usar quando os ventos estiverem fracos, afirma.

Mas "a estocagem ainda é muito cara e é um tanto limitado o quanto se é capaz estocar com as tecnologias existentes".

"Além disso, você tem o custo de construir linhas de transmissão" de áreas com vento para onde a eletricidade é necessária.

Em declarações à AFP, o especialista em políticas ambientais da Universidade do Colorado, Roger Pielke, concorda: "ciência especulativa pode ser inspiradora, mas permanece longe do mundo prático dos sistemas energéticos".

Fonte: iG.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Oficina sustentável transforma cacos de vidro em arte no Quênia

Fábrica de obras de vidro foi fundada pela artista Nani Croze

Criação da artista holandesa Nina Croze, a Oficina de artes Kitengela tornou-se uma atração imperdível para os turistas que visitam o Quênia, transformando cacos de vidro em obras de arte.

Os artesãos moldam o vidro através de técnicas que criam de vitrais a contas de vidro, passando por vidro insuflado. O resultado são diversos candelabros artísticos, vidros de vários formatos e bijuterias.

O local hoje é presidido pelo filho de Nina, Anslem Croze, que explicou o comprometimento da Kitengela Glassworks com a sustentabilidade. "Eu vivo em uma área de beleza natural. Ao fim do processo, quase não sobra lixo, já que mesmo as sobras nos tubos são usadas na produção de pisos e esculturas", declarou Croze, que diariamente vende seus produtos aos turistas cursiosos para conhecer o local que se mantém sem desperdício.

Fonte: Terra.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Museu de Ciência, em Trento, tem construção sustentável

Escolha do local na cidade e sistemas sustentáveis de construção diminuem impacto da obra

O MUSE (Museo delle Scienze) em Trento, na Itália, traz a sustentabilidade de várias maneiras em sua construção. O projeto optou por instalar um museu em uma área abandonada da cidade, trazendo uma maior revitalização da região. A construção usa energia solar, produzida com painéis fotovoltaicos.




O desenho da construção foi feito de acordo com a arquitetura passiva, para que a temperatura interna seja mais agradável possível sem necessidade de usar artifícios elétricos. Um sistema captura a água da chuva e usa na irrigação dos jardins internos. Por fim, vários materiais usados na construção são reutilizados ou reciclados.



Veja mais aqui (em inglês).

Fonte: Atitude Sustentável.

domingo, 16 de setembro de 2012

Erradicação da pobreza exige melhores educação e serviços

As raízes da desigualdade social no Brasil são velhas conhecidas. Remontam ao período colonial, apontam historiadores. Da concentração de terras nas capitanias hereditárias e da força de trabalho escravo baseado na violência até um processo abolicionista conveniente a proprietários escravocratas, o Brasil legava um terreno fértil ao avanço do desequilíbrio na distribuição de renda – a quarta pior da América Latina, segundo levantamento da ONU divulgado há 15 dias. Embora a estabilidade e o crescimento econômico da última década, somados a programas como Bolsa Escola e Bolsa Família, tenham reduzido os déficits sociais e promovido a badalada ascensão da Classe C, o vigor de sexta economia mundial revela-se ainda insuficiente para extinguir a miséria que assombra 16,2 milhões de brasileiros, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Como as famílias de Gorete e Antônia, moradoras do Rio, apresentadas nas duas primeiras reportagens desta série. Com menos de R$ 70 per capita mensais, confiam no assistencialismo, na criatividade e na educação dos filhos para superar a pobreza extrema que contrasta com os cartões-postais e a projeção internacional impulsionada por Copa e Olimpíadas.

No combate à pobreza, algumas das armas que têm se mostrado mais efetivas são os programas de distribuição de renda idealizados e aperfeiçoados por governos de diferentes colorações políticas. Do tucano Fernando Henrique Cardoso ao petista Luiz Inácio Lula da Silva e à sucessora Dilma Rousseff, o poder central vem recorrendo àquele tipo de inciativa para dirimir uma das maiores desigualdades do continente. Apesar dos avanços, o desequilíbrio mostra-se inferior apenas às de Guatemala, Honduras e Colômbia, segundo o relatório das Nações Unidas sobre a região. Um atraso que destoa, por exemplo, dos investimentos estrangeiros no país – quase US$ 66,7 bilhões no ano passado – e das ambições de figurar entre cinco primeiras economias do planeta e de conquistar uma cadeira cativa no Conselho de Segurança da ONU.

O Estado do Rio é um dos emblemas desse paradoxo verde-amarelo. Por um lado, comemora a volta dos investimentos e da autoestima capitaneados pelos grandes eventos internacionais. Por outro, estampa, longe dos holofotes, casos de pobreza extrema. Em 2010, o Rio foi o estado brasileiro que mais recebeu investimento nacional e internacional, conforme apontou o Relatório de Anúncios de Projetos de Investimentos (Renai), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Até 2013, receberá US$ 18,45 bilhões, projeta a Receita.

Os números generosos ainda não alcançam os 586 mil habitantes que, segundo o Censo 2010 do IBGE, batalham contra o nível mais rasteiro de pobreza no Rio, no qual são enquadradas as famílias cuja renda per capita mensal fica abaixo de R$ 70. Indiferentes a classificações, Gorete e Antônia, e outros tantos Brasil afora, renovam a esperança de que parte dos investimentos mude suas vidas. Sonham com o básico: emprego, casa e educação para que os filhos possam "progredir e se manter afastados do caminho das drogas". No dia a dia assombrado pela memória e pelo medo da fome, eles encontram sabedoria para buscar trilhos menos efêmeros do que as fontes assistencialistas. Confirmam, instintivamente, o consenso acadêmico de que a solução vai além do aumento de renda. Nesta reportagem, que fecha a série Feições da Miséria, gestores públicos e especialistas discutem os caminhos para superação da pobreza e da desigualdade crônicas no país.

Educação precária contribui para a permanência na pobreza, observam especialistas As famílias visitadas pelo Portal apresentam traços sociais comuns, que ajudam a explicar o estágio de "pobreza extrema", de acordo com classificação do IBGE: baixa escolaridade, acesso deficiente à saúde, à educação, ao lazer e ao mercado de trabalho. O baixo nível educacional os empurra para o emprego informal e mal remunerado, como bicos de pedreiro e serviços domésticos sem qualificação.

O secretário de Assistência Social do Rio, Rodrigo Neves, reconhece a necessidade de as políticas de transferência de renda caminharem juntas de iniciativas "compensatórias" ou complementares. Um dos responsáveis pela implementação do programa Renda Melhor no estado, o sociólogo de formação ressalta que é importante "enxergar a pobreza em seus diversos ângulos":

– Sabemos que a pobreza é um fenômeno multidimensional. Não adianta resolver só o problema de distribuição de renda. Uma trajetória de inclusão social passa pela educação.

Embora o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) divulgado no mês passado tenha apontado um (pequeno) avanço em relação à avaliação anterior e escolas do Rio tenham obtido a segunda, a terceira e a quarta melhores médias do ranking nacional, o estado também conta com uma escola entre as cinco piores da avaliação. Mais um retrato da desigualdade no estado, e a confirmação do longo caminho para a educação pública tornar-se compatível, por exemplo, com as aspirações econômicas e com a carga tributária em torno de 40% do Produto Interno Bruto (PIB), a soma das riquezas produzidas no país.

Baixa escolaridade, lembram os acadêmicos, admitem os gestores, é um obstáculo, entre outros dramas, ao emprego, ou ao melhor emprego, à inclusão social, ao aumento da renda. Irriga uma ciranda difícil de ser quebrada até pelos planos de transferência de renda, observa Francisco Menezes, diretor do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), fundada em 1981 pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho.

– Trabalhar e ter uma renda são o que permite uma família sair da pobreza extrema. A falta de serviços é a principal barreira a ser vencida. Uma família no fundo do poço não tem condição de o pai e mãe procurar um emprego e nem de mandar um filho para a escola. Uma mãe que não consegue vaga em uma creche não encontra condições de entrar no mercado de trabalho – exemplifica Menezes.

O cientista político e coordenador do Instituto Mais Democracia (IMD) João Roberto Lopes Pinto, concorda com esta lógica e acrescenta que a baixa renda não é o único ponto a ser combatido pelo estado:

– A pobreza não tem a ver apenas com a renda, mas também com a falta de acesso a direitos básicos como transporte público de qualidade, saúde pública e educação pública de qualidade. O programa de transferência de renda é positivo, porém a política publica está mais focada nesta coisa de gerenciar a pobreza e não de pensar soluções mais estruturantes para a desigualdade no país.

Falta de qualificação prejudica aproveitamento de recorde de empregos Deficiência na qualificação prejudicam o aproveitamento do recorde de geração de empregos registrado em abril desta ano na Região Metropolitana. Foram abertos 14.235 postos de trabalho, informa o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Em todo o estado, as novas vagas chegaram a 18.541. No entanto, parte delas se manterá ociosa por falta de profissionais qualificados.

Pesquisa feita, no ano passado, pela Federação das Indústrias do Rio (Fierj), constatou que 60% das fábricas instaladas no país pretendiam aumentar o número de funcionários. No entanto, a maioria delas (53%) encontrou dificuldades para preencher os novos postos de trabalho justamente por causa da escassez de mão-de-obra capacitada.

Especializada em pesquisas referentes a pobreza e desigualdade social, a socióloga Maria Sarah da Silva Telles, do Departamento de Ciências Sociais da PUC-Rio, avalia que a solução demanda um "trabalho estrutural":

– Se não for acompanhado de uma política de geração de empregos bem remunerados, de qualificação dos jovens da rede pública, a situação continuará precária: os cidadãos mais fragilizados precisam da ajuda do Estado para poder se sustentar, viver dignamente, pagar suas contas, acompanhar os estudos de seus filhos etc. Só assim teremos uma sociedade justa e menos desigual.

Alto custo de vida deixa os mais pobres ainda mais vulneráveis Os altos investimentos aportados no Estado são acompanhados de um dos maiores custos de vida do continente. Os grandes eventos programados para a cidade aquecem a economia, mas também a inflação. De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a Região Metropolitana do tem a maior inflação entre as 11 regiões pesquisadas pelo IBGE. Enquanto no país a inflação média ficou em 2,32% até junho, na região fluminense fechou em 3,16% no mesmo período. A carestia deixa as famílias mais pobres ainda mais vulneráveis, afirma Francisco Menezes:

– O Rio está caro demais. Os grandes eventos trouxeram uma explosão nos preços. A população mais pobre fica mais suscetível diante da alta dos preços, agravando a miséria no estado. Há politicas emergenciais, como cozinhas populares, mas não são suficientes.

O mar de investimento que cobre o Rio é visto com desconfiança por João Roberto Lopes, autor do livro Economia solidária: de volta à arte da associação (Editora Empório do Livro). Para ele, a lógica dos investimentos na cidade serve, sobretudo, para reforçar a concentração nas mãos de um grupo e não para beneficio "de quem realmente precisa":

– Estes investimentos estão voltados para os ganhos e negócios de poucos, uma lógica de concentração, de elitização da cidade, muito mais do que investimentos mais distributivos e descentralizados pela cidade. Não geram uma distribuição, pelo contrário, deslocam recursos que deveriam ser utilizados em políticas sociais efetivas em termos estruturantes. A ausência de recursos em políticas sociais mais efetivas acaba reproduzindo este quadro de pobreza não só no Rio mas no pais inteiro – opina.

Se no país o limite da renda per capita para uma família ser classificada em pobreza extrema é de R$ 70, no Estado do Rio este valor aumenta por causa do alto custo de vida. Para tornar mais justos os "parâmetros da miséria" no estado, Rodrigo Neves subiu o teto para R$ 100 per capita.

– Adotamos uma linha de miséria de R$ 100 por mês para cada integrante da família. Essa linha é maior que a linha do Brasil sem miséria, de R$ 70/mês. Nós consideramos que a pobreza no Rio, por ser um estado metropolitano, o custo de vida é mais alto e o limite para a linha da pobreza deveria refletir isto. Por isso uma linha mais generosa – justifica.

Menezes ressalta que o direito ao alimento, garantido pela Constituição, não deve ser barganhando como mero produto de mercado:

– O alimento é um direito. Está na Constituição. Tem que ser garantido, caso contrário há uma grave violação do direito constitucional. O alimento não pode ser tratado como mais um produto comercial a ser negociado na bolsa.

Bolsa Família apresenta resultados positivos mas insuficientes, ressalvam analistas.

Quase 20 anos depois de o Bolsa Escola ser implantado, em 1994, no governo Fernando Henrique, e perto de o Bolsa Escola, implantado no governo Lula, completar dez anos, os programas de transferência de renda apresentam resultados positivos. Entre 2002 e 2006, a miséria no país caiu 27%, segundo dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Órgãos internacionais como o Bird e a Organização Internacional do Trabalho elogiaram publicamente o projeto e ressaltaram a necessidade de se ampliar seu uso.

Rodrigo Neves rebate as críticas aos programas do gênero nesses anos. Lembra que os planos de distribuição de renda contam, atualmente, com um cadastro único utilizado pelas três esferas de governo no país. Enfatiza que são "republicanos alheios a manipulações eleitorais".

– Pela forma como [o Bolsa Família] foi implantado, sua gestão blindou o programa para fins eleitorais. Porque ninguém é dono do cadastro único ou do beneficio. A porta de entrada é absolutamente republicana. Além disso, um conselho de controle social formado pela sociedade civil pode receber denúncias de não-cadastramento. A seleção é feita por critérios técnicos do governo federal. O caráter técnico do trabalho diminuiu o clientelismo. Algumas auditorias foram feitas via TCU e ficou demonstrado que, independente da filiação partidária de prefeito ou governador, não houve privilégio a qualquer município – assegura.

O "republicano" Bolsa Família não deixa de ser uma importante máquina eleitoral. Em 2010, ano de eleição presidencial, uma pesquisa do Ibope constatou que 22% dos eleitores nordestinos recebiam o Bolsa Família. Na região, para cada voto em José Serra, a presidente Dilma, que representava a continuidade de Lula, logo a permanência do projeto, teve o dobro.

Neves acrescenta que o programa tem "forte controle" de órgãos como o Tribunal de Contas da União (TCU). Ele diz também que o "efeito preguiça”, apontado como uma das principais ameaças, "não foi observado" e o Bolsa Família, assim como o Renda Melhor e o Renda Jovem no Rio, ajuda a aquecer a economia:

– Esses programas têm um peso pequeno quando se compara com o PIB. O Bolsa Família beneficia 13 milhões de famílias e custa meio por cento do PIB. Prova de que não pesa tanto nas contas nacionais. E tem um efeito multiplicador nas economias locais, gera mais negócios, mais empregos e mais impostos. Em certo sentido, se autofinancia e ajuda o país a crescer, quebrando aquele dilema que diz é preciso crescer primeiro para depois distribuir. O efeito preguiça não foi comprovado. Observa-se um discreto aumento dos beneficiados no mercado de trabalho.

Embora reconheça os resultados positivos de programas do gênero, Francisco Menezes pondera que algumas cidades do interior do país ainda estão sujeitas ao clientelismo e a desvios de dinheiro público destinado a ações de distribuição de renda:

– O Bolsa Família é um ótimo projeto no plano federal. Mas, em alguns municípios, ainda se vê clientelismo e desvio do erário público. É um desafio grande. Sem contar que há moradores de rua que não estão no cadastro do governo federal. Nos rincões do país, onde não se tem informação, a pobreza persiste.

João Roberto Lopes diz que o programa é "importante, mas limitado para dar conta da complexa realidade social dos que vivem na miséria". Ele propõe a inclusão de outras políticas que ajudem a melhor garantir os direitos sociais:

– É uma proposta positiva (o Bolsa Família) e contribui para reduzir a pobreza, mas como se vê pelas últimas pesquisas a desigualdade é persistente e marca a estrutura social brasileira. Contudo, é um programa com potencial limitado para responder à desigualdade estrutural, e me parece que hoje a lógica do governo federal, mas também em outros níveis, é focar muito nesses programas em detrimentos de outras políticas que possam assegurar uma promoção efetiva de direitos sociais.

Maria Sarah estende a responsabilidade à sociedade civil. Com a experiência da pesquisa na favela Rio das Pedras, Zona Oeste do Rio, para a sua tese de doutorado, a professora avalia que nos acostumamos com a pobreza urbana:

– A sociedade brasileira não conseguiu, até hoje, fazer uma opção cidadã. Nossa opção tem sido a de nos habituarmos a conviver com a pobreza, como parte de nossa paisagem urbana, e com um salário mínimo de R$ 622 para uma grande massa de brasileiros.

Perto do Corcovado e da bela vista para a Baía de Guanabara, Gorete e seus cinco filhos esperam por condições que possibilitem a mudança do casebre mal iluminado, quase em ruínas, e a entrada no mercado de trabalho. Em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, Antônia, o marido e os filhos confiam nos sacolés no freezer de segunda-mão para esticar a renda decorrente da assistência dos governos estadual e federal. Pertencem ao meio milhão de moradores do Rio que se equilibram no fio da "pobreza extrema" e torcem para que investimentos como o novo Maracanã e o novo Porto se convertam em perspectivas de melhor emprego, educação e serviços públicos.

Fonte: PUC Rio Digital.

sábado, 15 de setembro de 2012

Estádios da Copa 2014 vão ter práticas sustentáveis

Algumas práticas sustentáveis como usar a água da chuva para irrigação do gramado e a energia solar como meio de iluminação para os refletores serão usadas nos estádios da Copa de 2014. Ao todo, 22 iniciativas sustentáveis foram apresentadas no Seminário Copa 2014: Oportunidades para a Sustentabilidade Urbana que aconteceu na quarta-feira (12) e quinta-feira (13) em Brasília.

O Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, terá reservatórios com água da chuva e captação de energia solar Um dos exemplos de ações de desenvolvimento ambiental e social são as obras do Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília. Um reservatório de água será usado para irrigar o gramado e fazer a limpeza geral do espaço, com capacidade para 72 mil lugares. A água também será usada para lavagem de rodas dos caminhões a fim de minimizar a poeira.

A arena ecológica ainda vai ter estrutura para captar energia solar e ser autossustentável, com a geração de 2,5 megawatts, energia suficiente para abastecer mil residências por dia.

“O estádio tem uma preocupação de sustentabilidade desde o seu projeto. Os requisitos necessários para se exercer isso sem impacto no meio ambiente foram pensados de forma a integrar-se com a obra”, disse Cláudio Monteiro, secretário extraordinário para a Copa em Brasília.

O projeto do Estádio Nacional de Brasília pode ser a primeira arena de futebol do mundo a receber o certificado máximo de sustentabilidade, o selo Leed Platinum.

De acordo com o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, a intenção do governo federal é que a sustentabilidade ultrapasse as fronteiras dos estádios e ganhe as ruas das cidades. “Isso vai beneficiar a população de todas as capitais que sediarão a Copa do Mundo: mobilidade urbana, mobilidade no caso do transporte aéreo, nos aeroportos, portos, trens, metrô”, disse.

Práticas sustentáveis
Durante o seminário, os representantes das cidades sede debateram propostas de ações sustentáveis especialistas. Revitalização urbana, melhoria das condições de tráfego, redução na emissão de gases de efeito estufa e formas eficientes de uso da energia foram alguns dos assuntos discutidos.

Este foi o segundo seminário a discutir sustentabilidade e legado da Copa. O primeiro foi em setembro de 2011, em Manaus.

Mascote
A preocupação com o meio ambiente também pautou a escolha do mascote oficial da Copa, que será anunciado no próximo domingo (16) em programa dominical da TV aberta. O animal brasileiro escolhido foi o tatu-bola, que figura na lista vermelha das espécies em risco de extinção, segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA).

A escolha dessa espécie de tatu se deu porque, ao se defender, ele se fecha em forma de bola, protegendo as partes moles do corpo no interior da carapaça rígida.

Estudo recentes mostram que o tatu-bola sofreu um declínio superior a 30% ao longos dos últimos 12 anos. Segundo o MMA, as principais ameaças à sua sobrevivência são a caça, a agricultura, a redução dos seu habitat e os assentamentos rurais.

Fonte: uipi!.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Cientistas brasileiros aliam alta tecnologia à conservação da biodiversidade

Um grupo de pesquisadores brasileiros compartilha sua experiência no desenvolvimento de projetos que envolvem tecnologia e consciência ambiental: a obra Conservação da Biodiversidade com SIG, coletânea de artigos organizada por Adriana Paese, Alexandre Uezu, Maria Lucia Lorini e André Cunha, descreve iniciativas realizadas em diferentes regiões brasileiras nas quais softwares de Sistemas de Informações Geográficas (SIG) foram utilizados como base para a ação. Há 14 textos que exploram temas como restauração florestal, conservação da biodiversidade marinha, projetos participativos em terras indígenas e também diagnósticos da pressão exercida por fatores como a expansão agrícola ou urbana em diferentes regiões.

Lançada pela editora Oficina de Textos com apoio da The Society for Conservation GIS (SCGIS), da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) e da Conservação Internacional (CI), a obra destaca a importância da utilização de bancos de dados georreferenciados, do cruzamento de mapas e da obtenção de informações detalhadas sobre os aspectos ambientais de uma região para a definição de áreas de atenção prioritária e a criação de projetos viáveis de conservação da biodiversidade.

O livro, em conjunto com outras iniciativas dos pesquisadores brasileiros, já alcançou reconhecimento internacional: Adriana Paese, que também é presidente da SCGIS Brasil, acaba de receber o prêmio Special Achievement in GIS Award 2012, concedido pelo Environmental Systems Research Institute (Esri), empresa pioneira de pesquisa ambiental georreferenciada e desenvolvimento de softwares SIG.

Fonte: Primeira Edição.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Formação continuada para professores de ciências

O Museu Diversão com Ciência e Arte da Universidade Federal de Uberlândia, em parceria com a Universidade Federal do Triângulo Mineiro, oferece curso gratuito de Formação Continuada de Professores. O curso é direcionado aos professores de ciências do ensino fundamental. As inscrições estão abertas e podem ser realizadas até o dia 19 de setembro no site do Museu: http://www.dica.ufu.br/.

Clique na imagem abaixo para obter mais informações do evento:

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Novas tecnologias ajudam a modernizar profissões antigas

O que tem comum velhíssimas profissões como ourives, alfaiate e barbeiro? As novas tecnologias. Num atelier, o desenho de cada joia começa manualmente, mas é no computador que o trabalho dos designers ganha três dimensões. O programa cria uma planta que vai virar o molde da joia propriamente dita.

O trabalho dos ourives une tradição e modernidade: Nilton Macedo usa ferramentas clássicas da profissão, algumas com mais de 200 anos e, ao mesmo tempo, pode utilizar um microscópio e uma caneta especial para fazer solda a laser de alta precisão.

Mas na hora de dar o acabamento numa joia de luxo, é das mãos desses artesãos que sai o polimento mais esmerado, o brilho mais atraente. Não há tecnologia que substitua a intuição e o sentimento de quem tem anos de prática. “O toque final é justamente essa interpretação do ourives do desenho. Nas mãos dele vira obra de arte”, explica o diretor de criação, Lisht Marinho.

“A gente procura sempre juntar as duas técnicas, tanto as mais antigas e as mais modernas que vem aparecendo. Porque o futuro depende também do passado”, fala o ourives Nilton.

David Ceglio é alfaiate e deixou de lado o velho bloquinho na hora de tirar medidas. Anota tudo no tablet. A profissão pode ser antiga, o ofício artesanal, mas a tecnologia tem feito a diferença.

“Nós fazemos um arquivo com todas as medidas, de camisa, calça, colete, e quando o cliente for numa loja já temos tudo, é passado por email e aí evita de ficar guardando arquivo enorme em todas as lojas”, fala o alfaiate.

A cadeira é clássica, mas, numa barbearia, os antigos instrumentos também não têm mais vez. A navalha tem lâminas descartáveis. As toalhas, que antigamente eram fervidas, hoje entram numa pequena estufa digital e saem quentinhas e esterilizadas para o rosto do freguês. “Há muito tempo atrás era mais visível salões, mas agora estão inovando e como os homens estão meio largados no mercado e aí fizemos um espaço especialmente para o público masculino”, fala o barbeiro Bruno de Lira.

Fonte: Jornal Floripa.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Computador ecológico: a tecnologia colaborando com o meio ambiente

A empresa irlandesa MicroPro criou um computador ecológico com ajuda do instituto alemão Fraunhofer IZM. O iamecoV3 tem a carcaça feita de madeira e tela touchscreen.

O nome iamecoV3 vem da expressão em inglês "I am Eco". O PC tem 98% dos componentes recicláveis. Além disso, a empresa considera que 20% desse material pode ser reutilizado com facilidade.

Outro ponto de destaque do computador é que ele usa dissipadores de calor, ao invés dos sistemas de ventilação tradicionais. Assim, o computador não sofre de superaquecimento e ainda converte o calor em mais energia para funcionar por mais tempo.

A tela do computador é feita de LED. Segundo a empresa, isso também aumenta de 30% a 40% a eficiência energética do aparelho.

Os criadores tentaram diminuir ao máximo a quantidade de halógeno (substância tóxica) dos componentes eletrônicos, como nos processadores. As peças também podem ser substituídas com facilidade, o que aumenta a durabilidade do produto.

A produção de um iamecoV3 usa 360 quilogramas de gás carbônico (CO2). Apesar de parecer um nível alto de emissões de gases poluentes, a porcentagem é 70% mais baixa do que a de um computador normal. Portanto, a pegada de carbono do iamecoV3 é considerada muito pequena.

O aparelho já ganhou o selo de sustentabilidade da União Europeia, o EU Ecolabel. Porém, ainda não há previsão de comercialização do produto.

Fonte: Exame Info.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Sprout: o lápis comestível

Quem gosta de usar lápis sabe que a certa altura eles ficam no cotoco, difícil até de segurar entre os dedos. Imagine se você pudesse se desfazer do pedacinho restante simplesmente enterrando-o no canteiro mais próximo e, tempos depois, encontrasse um broto de coentro, uma flor ou um vegetal?

É exatamente isso o que a empresa Democratech fez ao laçar no mercado americano o Sprout, um lápis com cápsulas de semente variadas, acopladas no lugar da borracha, que pode ser plantado. O resultado são brotos de tomate, coentro, salsa, alecrim e até flores, como margaridas, dependendo da escolha do freguês.

A ideia nasceu do curso de design de produto Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) em Cambridge, Estados Unidos, onde os alunos foram convidados a criar um produto sustentável para o escritório do futuro.

Ao inserir as sementes no corpo em madeira de cedro convencional, seus criadores aproveitaram para tornar o lápis também atrativos para as crianças, na esperança de estimulá-las a praticar a reciclagem através da jardinagem.

Fonte: Exame Info.

domingo, 9 de setembro de 2012

Assista a 10 animações sobre sustentabilidade

Conheça dez animações selecionadas pela Super Interessante Online com as quais você pode aprender mais sobre o meio ambiente e sustentabilidade. Passe adiante seus conhecimentos e práticas para preservar o lugar onde vive e descobrir novos olhares sobre o planeta.


Clique aqui.

Fonte: Greenstyle Greenvana.

sábado, 8 de setembro de 2012

Bicicleta de papelão, a novidade do transporte ecológico

Um empreendedor israelense, conhecido como Izhar Gafni, espera revolucionar o "transporte ecológico" com sua mais nova criação: uma resistente bicicleta de papelão, que possui um custo de produção em torno de US$ 10 e pode ser construída com material de reciclagem.

Além de barata, a bicicleta, que é resistente à umidade e à oxidação, ainda pode suportar até 140 quilos de peso. Como seu chassi é inteiramente revestido por uma camada de material impermeável de cor marrom e branca, o papelão acaba ganhando um aspecto de plástico.

"Trata-se de uma bicicleta urbana, a mais simples que pode imaginar, mas suficientemente resistente para se transformar em um bom meio de transporte ecológico", explicou à Agência Efe o empreendedor israelense.

Morador de uma cooperativa rural em Emek Jefer, no norte de Israel, o mecânico autodidata criou sua bicicleta com base em outra invenção: uma canoa feita de papelão com materiais altamente resistente à água.

"Quando trabalhava na Califórnia adquiri conhecimento em canoa. Depois, passei vários meses estudando o tema. Ao retornar para Israel, tive a ideia da bicicleta e passei a me cobrar. Afinal, nunca havia visto uma bicicleta de papelão", afirmou Gafni.

A escolha pelo projeto da bicicleta também não foi por acaso, já que Gafni, nascido e criado no kibutz Bror Jail (no sul do país), sempre teve uma em casa. Aliás, a bicicleta é o meio de transporte mais habitual entre os membros destas comunas rurais israelenses. Batizada como BV6, a invenção de Gafni foi elaborada em quatro anos e contou com seis protótipos, já que o empreendedor queria testar a fundo os limites e possibilidades do papelão.

"Consultei vários engenheiros e, no começo, construí uma bicicleta pequena que mais parecia uma caixa de mercado com rodas", brinca o inventor antes de reconhecer que "o mais duro foi desenvolver a tecnologia para conseguir dar forma a sua bicicleta".

Ao longo de suas pesquisas, Gafni começou a trabalhar com os princípios da papiroflexia japonesa e, com isso, conseguiu aumentar em até três vezes a capacidade de resistência do material. Neste aspecto, a técnica até parece ser simples, já que consiste apenas em dobrar e sobrepor o papelão.

Considerada um meio de transporte ecológico por não emitir gases poluentes, a bicicleta aparece como uma boa alternativa para contornar o problema da poluição causada pelos automóveis. A bicicleta de Gafni, além de seguir esta mesma linha, ainda se apresenta duplamente ecológica, já que é elaborada com papelão de reciclagem.

Outra das vantagens é que não precisa de montagem prévia. A bicicleta de papelão é uma única peça, incluindo as rodas. Por conta deste fato, a invenção de Gafni praticamente não exige manutenção.

O inventor israelense acredita que no prazo de um ano e meio sua bicicleta de papelão já estará disponível nos mercados, principalmente em Israel, na Europa e nos Estados Unidos. Apesar de seu custo girar em torno de US$ 10, a bike deverá custar entre US$ 60 e US$ 90.

Segundo Gafni, sua invenção foi bem aceita no mercado, principalmente por não exigir muita técnica para sua fabricação, e também já despertou o interesse de vários países europeus. Entre seus possíveis clientes, aparecem algumas prefeituras, que querem adquirir as bicicletas para alugar aos moradores da cidade.

Atualmente, após o sucesso de sua primeira invenção, Gafni trabalha em um novo modelo, que, inclusive, conta com um motor elétrico removível, De acordo com o inventor, esse modelo atende uma demanda deixada por seu primeiro modelo e é destinado às grandes companhias, que precisam de veículos rápidos e baratos para facilitar o transporte de seus funcionários.

Após a construção das bicicletas, motorizadas ou não, Gafni já pensa em construir cadeiras de rodas e carrinhos de bebê com a mesma técnica, ou seja, de papelão.

"Gosto dos meios de transporte e até já construí uma moto usando todos os tipos de materiais", completou o empreendedor, que acompanha o processo de desenvolvimento e financiamento de suas invenções com amparo de uma companhia de soluções tecnológicas.

Fonte: Exame Info.